quinta-feira, 17 de março de 2011

Especialistas divergem e Febraban critica lei sobre divisórias em bancos

A lei publicada nesta quarta-feira (16) no Diário Oficial do Estado de São Paulo, que prevê a instalação de divisórias nas agências e nos postos bancários provoca divergência entre os especialistas em segurança pública e críticas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A medida quer evitar a ação de assaltantes nos crimes conhecidos como "saidinha de banco" e garantir a privacidade dos clientes. Mas nem todos concordam que a lei trará esses benefícios.
Pela nova lei, que ainda precisa passar por regulamentação, os bancos vão ter que criar divisórias opacas de, no mínimo, 1,80 metro para isolar os clientes nos caixas daqueles que ficam em outras áreas da agência. O autor do projeto, deputado Vanderlei Siraque (PT), diz que se algum ladrão tentar olhar por cima da barreira será colocado em suspeição. “Se o ladrão começar a fazer certa movimentação, aí o próprio vigilante do banco acaba desconfiando.”
O coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, afirma “não ver sentido” na medida. “Em muitos ataques a pessoas que saem de banco, a opção do criminoso é feita pelas características físicas das pessoas, pelo traje, o tipo de carro que o cliente entra no estacionamento do banco ou pelas agências especiais. Não precisa olhar o saque, é apenas uma suposição de que a pessoa tem dinheiro”, acredita.
José Vicente Filho cita o caso de um amigo que retirou uma grande quantidade de dinheiro em uma agência preferencial, longe dos olhos de outros clientes. “Ele foi atendido em uma sala especial, portanto ninguém viu o saque, e mesmo assim acabou roubado no estacionamento”, contou. Para ele, é um erro “colocar problemas de segurança pública sob responsabilidade da iniciativa privada”.
Ação dos vigilantes
Para o especialista, a medida irá dificultar a atuação dos vigilantes dentro do banco. “É até estranho fazer isso porque a colocação do tapume opaco vai dificultar a própria vigilância dos seguranças dentro da agência”, afirma. Ele diz que, caso o criminoso assalte o caixa ou faça um cliente refém, as divisórias podem dificultar a visão dos seguranças.
A Febraban também defende que a lei pode facilitar a ação dos criminosos. “A instalação de divisórias criará obstáculos físicos e visuais ao monitoramento pelos vigilantes, funcionários e câmeras de segurança, aumentando o risco de ações nas áreas internas dos bancos, gerando maior insegurança”, diz uma nota enviada pela entidade.
O especialista em segurança Nilton Migdal não concorda com essa ideia. “Eu acho que [a lei] vai dar resultado. Quando a pessoa entra no banco e vai sacar uma quantia razoável, está muito exposta. Todo mundo está vendo. Eu não entendo por que iria piorar a segurança para o banco você ter uma fila atrás do biombo”, afirma.
Ele defende que há outras medidas que podem evitar os roubos nos caixas. “Teoricamente, essa pessoa já passou por um detector de metal. O caixa deve ter um botão de pânico e precisa haver uma câmera pegando a movimentação do caixa, acompanhada pela segurança”, indica.
Migdal lembra que o cliente também precisa tomar cuidados para evitar esse tipo de crime, principalmente mudando a rotina. “A gente é muito ingênuo. O cliente também precisa ajudar a não ser assaltado. Tem gente que vai ao banco fazer saques sempre no mesmo dia e na mesma agência. É preciso acabar com as rotinas.”
Fonte: G1

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